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,um quase nada ou um quase tudo, pensamentos sinuosos, passos descompassados, heterônimos, música, letra, péssima memória, muitos desejos, alguns livros roubados, as três, bons amigos, um grande amor, muitas frases inacabadas e reticências...

De viver também se morre


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, ela esperou muito do mundo enquanto o mundo esperava muito dela. Amou para si, não se permitiu liberdade maior. Ela viveu no amor calado. Desperdiçou tempo achando que o tinha demais. Não se atirou ao mar quando sua alma sentiu necessidade. Engavetou cartas por falta de coragem para entregá-las. Preferia o escuro da noite por encontrar motivo pra ter medo. Ela viveu de medo. Deixou de procurar formas nas nuvens. Ela via o mundo pela fechadura da porta de seu quarto. Manteve fechada a janela em dias de sol. Procurava no silêncio companhia para solidão. Jogou fora diários por considerar seu passado tão medíocre quanto o presente que persistia. Passava seus dias esperando que os dias passassem logo. Ela viveu de esperar. Envergonhava-se da imagem que via no espelho. Ela não gostava de espelhos. Vivia fechada para si, aberta para seus pensamentos confusos e ermos, nada mais.
O amor que ela matinha aprisionado, a sufocou. Ela morreu no amor calado. Seus olhos acostumaram-se ao escuro trazido pela noite e motivo para ter medo já não havia. Ela morreu de medo. Ela esperou um dia que não amanheceu. Ela morreu de esperar.
Aqui jaz…
Ela.

Um comentário:

Anônimo disse...

é, você realmente sabe usar as palavras, estou pasmo... :D




Evandro M. Copceski