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,um quase nada ou um quase tudo, pensamentos sinuosos, passos descompassados, heterônimos, música, letra, péssima memória, muitos desejos, alguns livros roubados, as três, bons amigos, um grande amor, muitas frases inacabadas e reticências...

Perdoe-me

A você que por muito suporta o peso de meus pensamentos, peço perdão. Peço que me absolva da culpa que carrego por fazê-lo suportar os medos e anseios que te levo ao anoitecer. Perdoe-me pelas lágrimas derramadas que não pude conter, assim como não me contive em tanta felicidade das vezes que o abracei até perder a força nos braços. Perdoe-me pelos meus murmúrios que por tantas nos levaram madrugada adentro, pelos gritos abafados e pelas melodias que desafinei à espera do sono. Perdão pelas vezes que o fiz confidente, entregando-lhe a responsabilidade de manter em sigilo meus segredos. Perdoe-me se reinvento um futuro a cada nova fase da lua, se repito conversas passadas, se faço de nossas noites palco para minhas fantasias infantis e cheias de cores ou se desnudo tua ingenuidade com fantasias em preto-e-branco.
A você, meu travesseiro… peço perdão.

Dor engarrafada


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--> M.C. - Saudade (Instrumental)


A dor virou gole amargo. Gosto de bebida barata, que permanece na boca enquanto perdura a lembrança do que se tenta descartar com as garrafas vazias… garrafas de que nada mais servem a não ser para deduzir a embriagues de quem sentiu a desilusão descer pela garganta. Entre um gole e outro, a ânsia, como se o corpo rejeitasse a dor que lhe preenche o vazio ocupado outrora por uma alma. Desamparada, a alma escolheu a busca de um amor perdido ao seu próprio corpo e agora percorre a cidade como quem procura um livro deixado no banco de uma praça. Vago, o corpo se ajeita numa calçada imunda, conta as garrafas cheias de nada e compara-se a elas, cerra o punho e ergue a dor engarrafada: “Aos livros perdidos, aos desalmados, aos amores desgraçados... Brindemos” (...)
[tim tim]

E o que restou além do teu corpo?

Teus pensamentos e tua alma seguiram, agora estamos sós, dois corpos desnudos e reféns de um futuro que criamos tempos atrás, reféns da felicidade que guardamos na gaveta do criado-mudo e onde ficará até que um dia tudo isso venha a ter algum sentindo. Mas até lá, minha pequena...até lá essa felicidade envelhecerá, tomar-se-á pelo amarelo que o tempo dá como se castigasse aquilo que passa pela vida sem viver. Além do teu corpo, restou-nos o silêncio desse quarto e o escuro que preservamos com as cortinas, já não há mais a necessidade de encararmos um ao outro, há tempos já percebemos a distância que se fez entre nós. A troca do prazer tornou-se um hábito cansativo das madrugadas de insônia e amor já não fazemos mais, toco-te com culpa, minhas mãos pesaram, teu sexo não passa do que é, teu corpo tornou-se apenas um corpo...
Pergunto-te até quando sobreviveremos para os filhos que ainda não vieram, para a casa no campo, as festas de Natal, para as cadeiras de balanço que ficariam na varanda... Até quando, pequena, seguiremos por conta do passado e do futuro, esquecendo-nos então do agora? Até quando?




À espera de um fôlego perdido

De início não soube sua procedência, mas logo pude reconhecer o desespero em sua voz: "Oh Pai, tenha misericórdia, afasta-me desses corpos gigantes que fazem de mim um ser bem menor que minha altura. Mostre-me o caminho que devo seguir para que não mais eu tenha de ouvir o barulho desses passos que me enchem de medo. Oh Pai, peço c lemência, estou atado a nós e minha força já perdi tentando me livrar, o bater de minhas asas de nada me serve, quão inútil eu me tornei neste lugar. Eu tinha uma vida e agora sinto que estou prestes a perdê-la. Não sei quem eles são, como aqui vim parar, tenho pavor e o senhor meu Pai, tenha compaixão…"
Assustei-me. Podia compreender aquele cantar rouco que me acordou e que cessara certamente por perder o fôlego e precisar encher os pulmões de ar novamente. Passaram-se então alguns minutos e seu bradar retomou o espaço do meu quarto às cinco da manhã, retomando a busca incessante de ser ouvido, entendido, de ser o que fora um dia; "Oh Pai… " E seus clamores duraram horas, indo e vindo entre a desesperança e o medo, entre a vida e a morte.
O meu encontro com aquele cantar desesperado tornou-se habitual, por dias era ele que me indicava o surgir de um novo amanhecer, eu o ouvia até que restasse apenas o barulho dos carros e a certeza de que ele nada mais teria a dizer. Ele sabia o que não queria, por não querer cantava e eu por entender de desespero o ouvia. Passaram-se os dias…
Até que despertei com o sol em meus olhos, cadê o canto conivente?! Esperei, esperei, deixei-o recuperar o fôlego …e o espaço do meu quarto tomou-se pelo vazio.
(Meu vizinho ganhou um galo velho… e um almoço no domingo)

Os dedos


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Menina de saia rodada, ao vento sente-se borboleta e fora dele volta a sentir-se só. As poucas horas de um dia inteiro já a cansaram e ainda tem um corredor agigantado pelo vazio a seguir. O barulho de seus passos arrastados a faz acreditar que dor e amor são na verdade um único sentimento, sem encontrar uma palavra que defina esse inusitado jeito de sentir-se senta e encara seus pés como quem encara o desconhecido, com receio e bisbilhotice. A falta de sol a perturba, parece que as cores se apagam com o cinza do dia, porém percebe a plenitude em ser com os respingos da chuva que a faz lembrar de que se vive mesmo nos dias mais descoloridos. Há um mundo em sua volta e ela não sabe o que dele fazer, não era pra ser tão difícil, mas também ninguém disse que seria fácil. Seus pequenos dedos chamaram-na a atenção: porque dedos tão pequenos e tão finos? Caí de pára-quedas nessa vida, sem saber do que se vive e como se faz pra viver…Caí e chorei, porque não o riso ao invés de lágrimas? Como escolher os caminhos certos que devo seguir se não fui capaz de escolher meus próprios dedos? A menina assustou-se com seus pensamentos, percebeu que eles rumaram a uma direção que ela não desejava, tentou pensar no que comeria no jantar mas já era tarde demais, seus pensamentos não procuravam o óbvio, o perigo talvez, mas o óbvio não. Ao olhar o corredor que dobrara de tamanho seus olhos perderam-se como se valsassem sem música e sem par, perderam-se por medo de achar. Caso viessem a encontrar, já não existiria mais a busca, e do que então ela viveria? Os respingos já não a atingiam mais, a chuva cessara e ela nem se deu conta, decidiu levantar e enfrentar o corredor enquanto ele ainda cabia naquele momento. Um sopro de vento a fez borboleta novamente, ela deixou-se levar: Ah! Como me sinto culpada, parece que roubei toda a paz do mundo, toda a liberdade do mundo, todo o encanto do mundo e não me canso de querer mais e… A menina interrompeu seus pensamentos, o vento se foi. Num instante ela teve quase tudo que desejara e agora só tinha a poeira deixada pra trás,


Bateram à porta,


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era dia e alguém lá de cima chorava, as lágrimas caiam pesadas e sem piedade do que poderiam vir a atingir. Mas para ela, naquele dia as lágrimas eram sonhos divididos em gotas que leves e cheias de graça desciam do céu. Outra batida, um pensamento interrompido, o ranger de porta se abrindo e um sorriso encontrando o outro, depois uns braços encontrando os outros e seus lábios nos dele. Ela o guiou até a sala, Raziel a seguiu enquanto existiu caminho. Fim dos passos, tv desligada, um par de olhos refletidos. Havia uma gota de graça que de tão leve ela não sentiu em seu rosto, ele tirou com o dedo, ela agradeceu com olhos. Raziel a pegou nos braços levantando-a a menos de um palmo do chão, ela sentiu-se nas nuvens, quase podia tocar os pássaros que por ali passavam. Braços abertos no ar, pássaros coloridos, o reencontro com o teto. Seus pés voltaram ao chão frio e sem encontrar as palavras certas a serem ditas, calou-se, preferiu observar o vento nos cabelos de Raziel, observar o homem a sua frente, o mesmo homem que a fizera mulher. Um eterno observar passou-se em alguns segundos. Raziel a abraçou e ensinou-lhe as palavras certas: Eu te amo. Ela sem voz fez de suas palavras um ato e retribuiu-lhe o amor com um beijo. Quem chorava calou-se, as lágrimas foram substituídas por um sorriso em sete cores, ela encantou-se e ficou feliz em ter com quem dividir aquele momento. Encanto nos olhos, encontro de mãos, uma confissão de Raziel: As sete cores são tuas, botei meu nariz de palhaço e plantei bananeira pra calar o choro de criança e te ver sorrindo. Ela entregou-se as palavras, ao seu homem, e por amor o beijou novamente. Houve a entrega, janela aberta, mãos avulsas, o sofá, dois corpos e depois um só (...)



(nestas linhas que seguem, ela agradece agora não com um beijo, mas com palavras. Agradece não só ao arco-íris, como também as tantas luas já oferecidas. Agradece a seu anjo misterioso, seu amante, a seu amor)

De viver também se morre


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, ela esperou muito do mundo enquanto o mundo esperava muito dela. Amou para si, não se permitiu liberdade maior. Ela viveu no amor calado. Desperdiçou tempo achando que o tinha demais. Não se atirou ao mar quando sua alma sentiu necessidade. Engavetou cartas por falta de coragem para entregá-las. Preferia o escuro da noite por encontrar motivo pra ter medo. Ela viveu de medo. Deixou de procurar formas nas nuvens. Ela via o mundo pela fechadura da porta de seu quarto. Manteve fechada a janela em dias de sol. Procurava no silêncio companhia para solidão. Jogou fora diários por considerar seu passado tão medíocre quanto o presente que persistia. Passava seus dias esperando que os dias passassem logo. Ela viveu de esperar. Envergonhava-se da imagem que via no espelho. Ela não gostava de espelhos. Vivia fechada para si, aberta para seus pensamentos confusos e ermos, nada mais.
O amor que ela matinha aprisionado, a sufocou. Ela morreu no amor calado. Seus olhos acostumaram-se ao escuro trazido pela noite e motivo para ter medo já não havia. Ela morreu de medo. Ela esperou um dia que não amanheceu. Ela morreu de esperar.
Aqui jaz…
Ela.

felicidade de Naná

Canto! Faço música dos desencantos de outrora e sou capaz de dançar à melodia das sentimentalidades perpetuadas pelo tempo. Sobrevivo aos dias, as horas e aos poucos segundos que restam, porque o hoje, minha querida, pode não passar do que é. Não, não me peça um pouco mais de otimismo, carrego migalhas suficientes para ainda continuar sorrindo (...)

descobertas

declarações, poesia e perfume

"Quero crer que o teu amor seja o meu milagre, o que irá me ajudar a ser alguém melhor, a estar bem comigo e com o mundo, a compartilhar minhas pequenas alegrias, meus grandes medos, a lapidar minha alma para encaixar-se na tua. Prometo-te tornar o meu amor o mais incondicional que eu puder, sonhar o mais alto que eu puder, traçar meus planos e uni-los aos teus...Porque amo-te de todas as formas que posso, de todos os lados que tenho, de todos os planos que vejo. Amo-te em todos os sons que ouço, como se vindos da tua boca, pois frio e triste é o mundo ao meu redor sem a alegria do teu sorriso."

                                                                             Por Jouglas Willians, 
com perfume de amor e jasmim