De início não soube sua procedência, mas logo pude reconhecer o desespero em sua voz: "Oh Pai, tenha misericórdia, afasta-me desses corpos gigantes que fazem de mim um ser bem menor que minha altura. Mostre-me o caminho que devo seguir para que não mais eu tenha de ouvir o barulho desses passos que me enchem de medo. Oh Pai, peço c lemência, estou atado a nós e minha força já perdi tentando me livrar, o bater de minhas asas de nada me serve, quão inútil eu me tornei neste lugar. Eu tinha uma vida e agora sinto que estou prestes a perdê-la. Não sei quem eles são, como aqui vim parar, tenho pavor e o senhor meu Pai, tenha compaixão…"
Assustei-me. Podia compreender aquele cantar rouco que me acordou e que cessara certamente por perder o fôlego e precisar encher os pulmões de ar novamente. Passaram-se então alguns minutos e seu bradar retomou o espaço do meu quarto às cinco da manhã, retomando a busca incessante de ser ouvido, entendido, de ser o que fora um dia; "Oh Pai… " E seus clamores duraram horas, indo e vindo entre a desesperança e o medo, entre a vida e a morte.
O meu encontro com aquele cantar desesperado tornou-se habitual, por dias era ele que me indicava o surgir de um novo amanhecer, eu o ouvia até que restasse apenas o barulho dos carros e a certeza de que ele nada mais teria a dizer. Ele sabia o que não queria, por não querer cantava e eu por entender de desespero o ouvia. Passaram-se os dias…
Até que despertei com o sol em meus olhos, cadê o canto conivente?! Esperei, esperei, deixei-o recuperar o fôlego …e o espaço do meu quarto tomou-se pelo vazio.
(Meu vizinho ganhou um galo velho… e um almoço no domingo)
4 comentários:
Diferente de tudo que vc já esvreveu!
Adoreii... ^^
Essa foto ai nego ja botou o frango no espeto heuahehauehuahe s2
que linda!
bom vir aqui.
^^
lihhh tchim mãee q lindo, meu coração está acelerado, texto belíssimo! te amo meu amor... ^^'
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